minilondon

Saturday, June 11, 2005

05-10 jun - praha

não vou dizer que é linda, porque isso todo mundo já sabe. nem que fiquei perdida, porque isso todo mundo recomenda. no máximo posso mencionar que a cerveja custa 50p (R$2,50), porque fama de boa isso já é mais do que batido. posso dizer que a república tcheca está mais para brasil do que para europa, que eu com cara e coragem me joguei pro meio do país, no meio daquela língua estranha e que os tchecos tem um costume estranho de te dar empurrão ao invés de simplesmente murmurar algo que possa ser entendido como um "com licença". e que viajar sozinho é muito bom com apenas dois inconvenientes: o primeiro é a hora das refeições, já que é muito difícil evitar a sensação de solidão enorme quando se entra em um ambiente de mesas cheias e o segundo são as fotos, que nunca saem boas quando você tem que ser ao mesmo tempo o fotógrafo e o fotografado.

cheguei cedo demais para o check-in no albergue e fui dar uma andada pela cidade. fui até o castelo e me perdi no meio do jardim real até que, depois de andar para cima e para baixo, consegui sair e voltar. enquanto tentava achar a saída do jardim me vi no meio de um trecho de um livro do milan kundera que li no ano passado. foi emocionante, mas meio tenebroso, porque era uma parte meio triste.

passei num bar - são taaaantos -, tomei uma cerveja - pilsner! - e voltei para o albergue, para o tão esperado check in e a tão sonhada soneca. 5 minutos e o quarto lotou. dois ingleses e um casal de franceses. fui comer e passear com os dois ingleses mas voltamos cedo - eles estavam detonados depois do fim de semana despedida de solteiro de um amigo (praga é um dos principais destinos de ingleses para despedidas de solteiro, tendo em vista a quantidade de strip clubs) e eu, depois de uma semana de revista record na cabeça.

segunda e terça turistei um pouco mais, incluindo no "turistar" coisas como ir em trocentos museus, me perder em praga mais um pouco, comprar souvenirs, ir no teatro negro (aquele em que só aparecem as mãos em branco), tomar cerveja, comer bem e bastante, tirar muitas fotos e ir até o castelo de praga uma da manhã só para ver a vista da cidade cheia de luzinhas.

na quarta peguei uma carona com os dois franceses até uma cidadezinha quase na borda com a áustria, chamada chesk krumlov. chesk krumlov (com vários acentos que eu não consigo fazer aqui) é patrimônio da unesco por ser medieval e tem um castelo, jardim (nenhum castelo é completo sem um jardim, eu percebi) e uma ponte. não tive muito tempo para ficar por lá e voltei 6 da tarde em um ônibus que minha mãe definiria como "cata-jeca". além de não entender praticamente nada do que os tchecos falam, também não deu pra entender muito o que as galinhas tchecas de um senhor por perto gargarejavam.

quinta fui até kutná hora, até a famosa (graças ao fantástico e ao zeca camargo) igreja feita de ossos. fui com uma neozeolandesa e o namorado, um irlandês, dois muito figurinhas. voltamos de trem, sonhando com o descanso, sono cedo quando, chegando, encontramos com os dois meninos que tinham chegado no dia anterior. pronto. foi o tempo de trocar de roupa e ir nos despedir de praga da melhor maneira possível: tomando cerveja.

na sexta ainda deu tempo de ir passear mais um pouco, comprar o resto dos presentes que faltavam e comer num restaurante super frufru no bairro judeu sem gastar quase nada.

ainda cheguei em londres e tive que pegar duas horas - o tempo de vôo - de metrô+ônibus até chegar em casa. a vida voltou ao normal e eu confesso que estava com saudades dela.

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o museu do comunismo em praga não é lá grandes coisas. mas, junto com outras observações gerais, serve bem para mostrar como é sempre necessário um distanciamento histórico grande para uma análise imparcial - se for possível - de nossa própria história.

o museu não é nem de longe algo imparcial. realça bem todo o atraso, a falta de liberdade e os vícios gerados pelos longos anos de comunismo-ditadura-stalinismo. porque sim, acredito que o comunismo possa ser mais do que isso. o que eu percebi é que o comunismo virou sinônimo de stalinismo na república tcheca - e nos outros países tão perto da rússia -, fenômeno muito bem aproveitado pela propaganda capitalista nos anos de guerra fria e também depois.

o que existe é uma diferença de pensamento entre as gerações muito grande. os mais velhos ainda pensam nos tempos antes da queda do muro como melhores. que pelo menos havia comida para todos. e, para não parecer óbvia, vou citar o exemplo das roupas para explicar a americanização entre os mais novos. eles usam, nas roupas não realmente o que usam os americanos, mas o que eles pensam que os americanos estão usando.

é uma loucura estar tão perto do comunismo assim. ver como as pessoas pensam e a maneira como elas viviam suas vidas. e poder tocar as esculturas que representam os trabalhadores como heróis. vi, por fotos, o grande monumento erguido em homenagem a stalin e destruído depois que seus crimes foram sendo descobertos. parece que na latvia existe um parque onde estão sendo mantidos todos estes tipos de monumentos para que não sejam destruídos. melhor assim. desta maneira a história também se mantém, e no futuro a gente consegue olhar pra ela com um pouco menos de paixão.

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autofotos - ou a dificuldade de ter dupla personalidade :)
para ver mais (e fotos boas) é só clicar em uma delas, que vai prá página do flickr. são muitas!


P1020340, eu e osim, o irlandês, no castelo de praga renatinha b.



P1020163, eu e michael a noite em pragarenatinha b.



P1020305, eu na igreja de ossos renatinha b.



P1020151, na exposição do mucharenatinha b.



P1020297, michael eu e deborah renatinha b.



P1020332, eu e jonathan renatinha b.



P1020242, pela placa, dá para se ter uma idéia do ônibus, não?renatinha b.



P1020083, o castelo de praga renatinha b.



P1020329, jim e nicole renatinha b.

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